“A luta é árdua, mas as conquistas são muitas”, essas
palavras, ditas pela mestra Cristina, do grupo de Capoeira Angola Mocambo de
Aruanda, resumem o que foi o evento Roda de Reflexão ao Dia da Mulher, ocorrido
no dia 8 de março, no Centro de Cultura Social (CCS-RJ), em Vila Isabel.
O espaço de treino do grupo Mocambo foi cedido para reunir
capoeiristas (mulheres e homens) e outros visitantes, que tivessem interesse em
não só participar da roda de capoeira, como também discutir o tema que envolve
questões sobre a luta da mulher dentro e fora das rodas, seja no trabalho, nas
ruas, em casa, ou em qualquer lugar.
Após a roda, teve início o momento de reflexão sobre o
significado do dia 8 de março. “A data, para alguns celebração, para outros não
celebração, independente do que cada um pensa o que deve ser a data, o fato de
ela existir, das pessoas estarem falando, estarem se colocando, estarem
colocando seu pensamento pra fora, isso já é muito grandioso, porque isso nos
dá uma oportunidade de realmente parar e pensar, de refletir”, disse Camila
Aquino, treinel do Grupo de Capoeira Angolinha (GCANG).
Tereza Silva, uma das mulheres pioneiras da capoeira angola
no Rio de Janeiro e, também, do GCANG, acrescentou. “A data ainda é muito
importante para marcar a diferença que existe e como é que a sociedade ainda
reage, de que precisa do dia inclusive para lembrar e até pra dizer que não é
importante esta data.” E complementou, “A sociedade vai ter que evoluir muito
para que essa data não seja importante. O dia que chegar essa ‘data não é
importante’, agora tá bom, agora tá melhor,” disse.
Conforme as palavras da mestra Cristina, “muitas
coisas não teriam acontecido sem a força e a resiliência da mulher negra, nem a
própria revolução feminista. Se a gente pensar de uma maneira mais aprofundada
sobre isso, é lembrar especificamente que sim, que é bom frisar, que é bom
marcar bem essa diferença, que não somos nós que marcamos. A sociedade que nos
marca a partir do momento que a gente nasce. Não dá pra fingir que é tudo
igual, pelo menos pra gente (mulheres) não."
Ela ressalta que “não é para criar gueto, não é para fazer
movimento separatista, não é para fazer nada disso. É para simplesmente deixar
aflorar, vir à tona uma coisa que a gente vive no dia-a-dia, no cotidiano. As
pessoas conseguirem perceber isso e somar com a gente. Também não é uma questão
de revanchismo, nada disso,” concluiu.
Foi uma noite de reflexão que não deve ficar restrita a uma
data, mas durante o dia-a-dia, em que a igualdade entre homens e mulheres não
fique somente no papel ou no discurso, mas que seja realmente colocada em
prática.